Assoreamento, poluição e poucas iniciativas condenam lagos à extinção
No Dia Mundial da Água, riscos ambientais definem cenário alarmante para reservatórios públicos da capital.
Escolha certa como passeio para quem vive nas proximidades da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o Lago do Amor, que já teve o formato de um coração, está prestes à perder o seu. Com a crescente e desplanejada urbanização do entorno, bem como a inexistência de estruturas para drenagem das águas pluviais, em pouco mais de 20 anos o lago poderá não mais existir.
Em pleno Dia Mundial da Água, as previsões são tão assustadoras quanto reais. Foram dadas a partir de um levantamento batimétrico, que é a medição da profundidade de rios e oceanos, e da análise multitemporal, que vem quantificando a evolução de área de volume do lago ao longo de 9 anos.
“Nesse período, seu volume diminuiu 58,5 mil m² por processo de assoreamento, cerca de 30%. A área corresponde a aproximadamente 3 campos de futebol. Considerando a taxa de variação, o reservatório estará completamente cheio de sedimentos no ano de 2038”, anuncia o professor doutor Teodorico Alves Sobrinho, integrante do grupo de pesquisa HEroS: Hidrologia, Erosão e Sedimentos, da UFMS, que é a responsável pelo Lago do Amor.
Os estudos foram realizados em agosto de 2008, novembro de 2011, fevereiro e novembro de 2013, outubro de 2014, março de 2016 e março de 2017. A área manteve decréscimo linear de 21%, representando 20,7 mil m² nesse período.
“O local de maior redução das margens é onde desagua o córrego Bandeira, que possui ações de loteamento, muitos terrenos sem cobertura vegetal, implantação de vias urbanas. Percebe-se pouca preocupação com aspectos conservacionistas do solo, inexistência de estruturas de contenção de águas, concessões indevidas de empreendimentos com risco de impacto ambiental”, detalha Teodorico.
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